INTIMIDADES EM TEXTOS COMUNS - Motivações Para Criar - por Andrea Guimarães Phebo: dezembro 2015

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Que os ventos levem...

Vou me esconder no bambuzal.
Buscar a energia dos ventos, chamar por Oyá.
Que ela varra para longe os que das sombras sobrevivem...
Tempo de caírem as máscaras, tempo das limpezas,
ou sei não...
Muita luz nesta escuridão... Brasil
Epahey Oyá!

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O Culto da Emoção
de Michel Lacroix

Seremos ainda capazes de vibrar com coisas simples e naturais?

Estamos vivendo no tempo que para nos sentirmos vivos, precisamos de experiências violentas, de “uma invasão de novos estímulos”, o culto as emoções fortes, trepidantes,
uma vida agitada e frenética. Para quê?

O despertar da afetividade a que assistimos, portanto leva a um quadro contraditório:
A bulimia de sensações fortes é acompanhada por uma anestesia da sensibilidade.
Emocionamo-nos muito, mas já não sabemos realmente sentir.

A emoção vende e no mesmo tempo que é celebrada, é ameaçada de descaracterização pela ansiedade da busca justamente das emoções falsas. (publicidade gera consumo através de falsas necessidades e com isso, gera muitas frustrações).

Existe a banalização dos sentimentos, banalização da violência etc.etc.etc.

As religiões, na Nova Era, ditam que o conhecimento da afetividade vem através das emoções despertadas pelo corpo, as seitas carismáticas cultuam o retorno à emoção pelo transe.No mundo corporativo, a palavra de ordem típica dos departamentos de RH (Recursos Humanos) das empresas, é o desenvolvimento pessoal e profissional do funcionário através da dinamização do seu potencial afetivo. A inteligência emocional do indivíduo, agora, também é analisada nas entrevistas de emprego.
Na política, os escândalos que não mais escandalizam.

Os novos tempos elegem a afetividade como o mote da hora.

Quais as causas desse retorno da valorização da emoção?

Questões são colocadas:

Funcionam como mecanismos compensatórios causados pelo vazio de uma sociedade sem sonhos, ilusões e esperanças, onde já não existem perspectivas de ação a serviço de uma utopia ou de uma luta de classes.

Estamos vivendo um momento na humanidade de desesperança em todas as esferas, o que gera uma busca compensatória por emoções fortes.

O desmoronamento das ideologias, já não há grandes projetos capazes de nos mobilizar.

Existe uma opacificação das visões do futuro, um desencanto, então, o refúgio na vida emocional constitui um remédio para a aflição.

Na impossibilidade de agir, emocionamo-nos “já que o mundo lá fora não oferece qualquer meio para a minha ação” pensa o indivíduo, “só me resta exercer meu poder sobre minha alma”.

Na verdade, o ser humano não precisa de muita coisa para ser feliz e se não dermos mais espaço ao recolhimento e à contemplação, perderemos a dimensão espiritual da vida, não cultivaremos a nossa alma.

É de lirismo verdadeiro que precisamos, não de adrenalina.

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